quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Quanto poderia ser transformado

 
Quanta impaciência
Que poderia ser transformada
Em tranquila presença
 
Quanto gelo
Que poderia ser transformado
Em irradiante brancura
 
Quanta frieza
Que poderia ser transformada
Em suave aconchego
 
Quanta indiferença
Que poderia ser transformada
Em simples atenção
 
Quanta frustração
Que poderia ser transformada
Em pura compreensão
 
Quanto desprezo
Que poderia ser transformado
Em sincera consideração
 
Quanta ausência mesmo quando presente
Que poderia ser transformada
Em profundo Amor presente
 
Quanta insatisfação
Que poderia ser transformada
Na bem-aventurança do momento
 
Quanto poderia ser
Quanto poderia ser transformado
E não é…
 
Quanto a vontade humana
Poderia transformar a vida do momento
Na Essência pura
Que sustenta a existência…
 
Ariam

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Bom e o mau Carácter


A Vontade observa maravilhada o Bem

Que dorme tranquilamente dentro do Ser

Pega na mente dócil e disciplinada,

E acorda a Essência do Bem

E cria o Bom Carácter na Câmara Secreta

Do Fogo Interno.


Existe o mau carácter

Que prolifera como erva daninha

E é feio, muito feio

É obscuro,

E tem uma existência ilusória e curta.

Alimenta-se do egoísmo,

Da arrogância, da injustiça, da competitividade,

Da vaidade, e da infelicidade dos outros…

É a ruína das sociedades e das pessoas,

É a ruptura do dever

E uma ameaça trágica à humanidade como um Todo.


MariaM

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O Único Mistério do Universo é o Mais e não o Menos


No dia brancamente nublado entristeço quase a medo

E ponho-me a meditar nos problemas que finjo...

Se o homem fosse, como deveria ser,

Não um animal doente, mas o mais perfeito dos animais,

Animal directo e não indirecto,

Devia ser outra a sua forma de encontrar um sentido às coisas,

Outra e verdadeira.

Devia haver adquirido um sentido do «conjunto»;

Um sentido, como ver e ouvir, do «total» das coisas

E não, como temos, um pensamento do «conjunto»;

E não, como temos, uma ideia do «total» das coisas.

E assim - veríamos - não teríamos noção de conjunto ou de total,

Porque o sentido de «total» ou de «conjunto» não seria de um «total» ou de um «conjunto»

Mas da verdadeira Natureza talvez nem todo nem partes.

O único mistério do Universo é o mais e não o menos.

Percebemos demais as coisas - eis o erro e a dúvida.

O que existe transcende para baixo o que julgamos que existe.

A Realidade é apenas real e não pensada.

O Universo não é uma ideia minha.

A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha.

A noite não anoitece pelos meus olhos.

A minha ideia da noite é que anoitece por meus olhos.

Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos

A noite anoitece concretamente

E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso.


Assim como falham as palavras quando queremos exprimir qualquer pensamento,

Assim falham os pensamentos quando queremos pensar qualquer realidade.

Mas, como a essência do pensamento não é ser dita, mas ser pensada,

Assim é a essência da realidade o existir, não o ser pensada.

Assim tudo o que existe, simplesmente existe.

O resto é uma espécie de sono que temos,

Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.

O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.

Pensar é essencialmente errar.

Errar é essencialmente estar cego e surdo.

Estas verdades não são perfeitas porque são ditas,

E antes de ditas, pensadas:

Mas no fundo o que está certo é elas negarem-se a si próprias

Na negação oposta de afirmarem qualquer coisa.

A única afirmação é ser.

E ser o oposto é o que não queria de mim...


Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

Heterónimo de Fernando Pessoa

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Timor-Leste, Mátria Sagrada!


Caminhei no Teu Solo, Timor-Leste,

e deixei aí impresso cada passo meu…

e em cada passo uma dimensão de Amor

Amor há muito tempo acarinhado

guardado secretamente durante tantos anos

no aconchego do meu coração.

Tantos anos que sonhei em Ti!…

E de tanto sonhar

o Amor se encarnou em mim

me iluminou à dimensão do Teu Sol.


Mas… o Amor se transformou

se obscureceu!

O Negrume de quem em Ti caminha

indignamente

afastou-me da Luz desse mesmo Amor!


Caminhei no Teu Solo, Timor-Leste,

Deixei em Ti, o hálito respeitoso e suave

Da minha respiração…


Pois é!

Inspirei-te e em mim ficaste

expirei-me e em ti fiquei…


Ficaram as vivências

ficou a entrega

ficaram projetos de Amor humano

e de Amor à causa...

e Tu, Timor-Leste, és a causa, foste a causa!…

És a causa do muito que em ti vivi,

porque em ti sonhei…


Em ti, até sonhei Novos Mundos,

e achei-os possíveis!


Imagina, Timor-Leste!

Imaginei que era possível viver

e criar outros Mundos

Mundos belos e claros,

Transparentes…

Mundos feitos de Gentes Felizes,

Em que eu era uma dessas Gentes,

Tua irmã ou filha, já nem sei!

Mas sei que amei de todas as formas,

Sei que Te amei!

E amei de verdade

À Luz do Teu Sol.


E amei-Te muito!

Amei muito,

e fui amada…

Sim, até sei que muito me amaste

sem palavras,

por em Ti ter deixado as minhas pegadas

De Paz e Dedicação.

Por em Ti ter deixado a minha expiração

de Amor e Humildade.


Amor inacabado…

Incompleto…


Sabes que senti o dia em que deixaste de me amar?!…

Ou talvez não!

Mas eu continuei a amar-Te!


Sabes que o Amor é frágil!

Mas ainda alimento o Amor que por Ti senti,

porque talvez ainda me ames…


Sei que estás doente

profundamente doente,

porque muitos são os que Te profanam,

que abusam de Ti,

que Te usam como se fosses uma Mulher

Mulher que só serve para servir

enquanto tiver Algo para dar…


E Tu, Timor-Leste, ainda tens muito para dar!…

Por isso Te profanam e usam egoisticamente!


Eu servi-Te e gostei de Te servir

como se serve uma Mulher de Coração Infinitamente Generoso

servi-Te como se serve uma Mãe muito Amada!

Sim, és mais do que uma Pátria,

És uma Mátria

Que dá e dá incansavelmente…

És Uma Mátria

Cujo Ventre e Coração

Estão cheios de Ricos Tesouros!


Tomara que fossem os Teus verdadeiros Filhos

a receberem do Teu Alimento

do Teu Amor

que exala da Terra, do Ar, do Mar e do Sol…


Querida Mátria, Timor-Leste,

Tu sabes que não fugi de Ti!

Pois é!

Eu também sei que me esperas

E sei que serás abençoada,

Timor-Leste, Mátria Sagrada!


Rosa Maria da Oliveira

Pintura de Jacinto Batista, pintor timorense



quinta-feira, 24 de maio de 2012

Um novo começo...


Quero sair da civilização podre, egoísta e anti-humana que os intitulados humanos criaram…

Quero entrar na Natureza e fazer dela o meu refúgio...

Quero entrar em mim, e a partir de mim, trabalhar para uma Nova Civilização…

QUERO UMA NOVA HUMANIDADE…

QUERO UM NOVO MUNDO…

QUERO UMA NOVA ORDEM, ONDE O RESPEITO PELA PESSOA HUMANA, COM TODAS AS SUAS DIFERENÇAS, SEJA A REGRA SAGRADA…

QUERO QUE O RESPEITO POR TODOS OS SERES VIVOS SE RESUMA NUMA UNIDADE SAGRADA…

QUERO QUE TUDO FLUA A PARTIR DE UM NOVO COMEÇO…

Rosa da Oliveira

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Oração do Editor

Respiro as Letras e as Palavras!

Sons e imagens povoam o Universo da criação do Livro

Em contínuas e sucessivas ações.

Brilha em mim, em ti, entre nós e fora de nós,

A Luz das Letras e das Palavras

trabalhadas com amor e dedicação,

tornando-as úteis e belas.


Ah! Meu Deus! Ajuda-me a seguir e a permanecer no caminho das Palavras

Respirá-las num sentimento que emana de Ti.

Ajuda-me a acertar o passo no Teu ritmo,

E que as Palavras em toda a sua expressão criativa

Possam abolir todo o tipo de opressão e escravatura e,

Divulgar o conhecimento,

Levando-nos a caminhar com a dignidade de Reis e de Rainhas.


Que o meu e o Teu desejo, sejam UM só,

E que se faça Luz através da Palavra proferida e materializada sobre todas as formas!

Que cada existência individual e cada comunidade

sejam humanizadas pela Palavra.


Faz-me sentir a alma da Terra em mim,

E a alma do Universo que tudo permeia,

e sentir a Sabedoria da Unidade que existe em tudo.

Não permitas que a superficialidade e a aparência das coisas do mundo me iludam,

E liberta-me de tudo aquilo que impede o meu crescimento interior.


Não me deixes ser dominada pelo esquecimento

do Ser que Sou,

do Deus Íntimo que é em mim,

do ritmo das Palavras que se renovam de tempos a tempos

da Beleza que recriam e que corrige tudo em nós e à nossa volta.


Possam as Palavras florescer no solo da Vida,

Onde as ações crescem em simplicidade, humildade e grandeza.


Que assim seja !!!


Rosa da Oliveira

quarta-feira, 28 de março de 2012

Detenho-me para contemplar os animais



Creio que poderia transformar-me e viver com os animais,
eles são tão calmos e donos de si.
Detenho-me para contemplá-los sem parar.
Eles não anseiam nem se queixam da própria condição,
Eles não passam a noite em claro, remoendo as suas culpas,
Nem me aborrecem falando de sua obrigações para com Deus,
Nenhum deles se mostra insatisfeito,

nenhum deles se acha dominado pela mania de possuir coisas,
Nenhum deles fica de joelhos diante de outro,

nem diante da recordação de outros da mesma espécie

que viveram há milhares de anos,
Nenhum deles é respeitável ou desgraçado em todo o mundo.

Walt Whitman

O meu pó...




Chegado o dia de “partir” o meu pó durará para sempre

regressará ao Coração da Criação Sagrada

e aí permanecerá como Existência Pura…

Ariam

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Uma nova Porta

Que uma nova Porta se abra
que um Mundo Novo apareça
radiante e limpo…

que as mãos estejam abertas
para levar a Luz
que irá dissolver a escuridão
instalada nos corações
materializados pela ganância do ter
pelo desprezo do Ser
e pelas seduções
envenenadas em esquinas de prazeres imundos…

Que uma nova Porta se abra
que um Mundo Novo apareça
radiante e limpo

que o coração esteja aberto
para o Amor Real
radiante e limpo…

Ariam

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O valioso tempo dos maduros

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.

Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.

'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta comtriunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,

O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!



Mario de Andrade

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Reiki*


Raios de Luz
Em manhãs nubladas
São minhas mãos…
Agradeço a Energia Universal,
Energia de Amor
Passando através de mim…

Luz voando sobre o corpo,
Quais asas de águia
Voando na brisa tranquila,
São minhas mãos…
Agradeço a Energia Universal,
Energia de Amor
Passando através de mim…

O mar de Energia Universal
Canta em silêncio
E lava minhas mãos
E meu coração…
Agradeço a Energia Universal,
Energia de Amor
Passando através de mim…

Ariam

*Reiki, palavra japonesa que significa “Energia Vital Universal”

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Felicidade e Tristeza

“Felicidade e Tristeza passam como o Inverno e o Verão.
Você precisa aprender a tolerar isso sem perder a calma.”
Bhagavad Giitaa

Um dia a Luz do Amor jamais se apagará...
Ariam

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Velho e a Flor



Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor.

Ninguém sabia me dizer,
Eu já queria até morrer
Quando um velhinho
Com uma flor assim falou:

O amor é o carinho,
É o espinho que não se vê em cada flor.
É a vida quando
Chega sangrando aberta
em pétalas de amor.


Vinicius de Morais

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Mulher! Sacerdotisa...



Mulher! Sacerdotisa no Templo do Coração
Alma de Luz no crepúsculo da Vida
Anjo Perfumado no orvalho da Noite
Voz cristalina de restos de Primavera
Eterna sonhadora dos amanheceres perdidos

Guardiã de Recordações arrumadas no sótão da tua Alma
Guardiã de Desejos do Amor Puro e Limpo
Que se encontra uma vez na vida…

Mulher! És o Olhar da imensidão infinita
Portadora dos mais legítimos sonhos
Tens o tempo que há-de vir como o teu melhor aliado
E tens os espíritos ancestrais perdidos na imensidão do tempo
Trazendo o Avatar deslumbrante
Do Espírito do Autêntico Amor

E então
O Amor que sempre habitou em teu Coração
Se fará Presente Para sempre
E serás o Espírito de um Mundo Novo…

Rosa da Oliveira

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sobre a BONDADE

De facto, "Não existe verdadeira inteligência sem bondade." Ludwig van Beethoven

Investimos tanto em futilidades, quando "A bondade é o único investimento que nunca vai à falência." Henry David Thoreau


Tentamos conquistar a apreciação dos outros, e obter aplausos de popularidade, submetendo-nos a todas as exigências e vaidades sociais, mas "Não é o génio, nem a glória, nem o amor que medem a elevação da alma: é a bondade." Henri Lacordaire


Todavia, a bondade deve ser manifestada com inteligência, já dizia Mahatma Gandhi: "A bondade deve estar ligada ao saber. A simples bondade pouco adianta; é o que tenho constatado."


Na verdade, o bem compensa, "Quando faço o bem, sinto-me bem, e quando faço o mal, sinto-me mal. Eis a minha religião." Abraham Lincoln


Pois é, não vale mesmo a pena pôr a máscara da bondade, "É uma hipocrisia esforçarmo-nos para ser bons; temos de nascer bons ou então não vale a pena metermo-nos nisso." Jules Renard


A chave de ouro para a humanidade é dada por Ludwig van Beethoven, quando diz: “Não reconheço outra grandeza que não seja a bondade."


Rosa Maria Oliveira

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Um Natal diferente

A todos os meus amigos do coração, aos que me querem bem,
e também aos meus inimigos, aos que não me querem bem,
e àqueles para quem sou absolutamente indiferente,
desejo-lhes um Bom Natal,
e permitam dizer-lhes que nesta fase da história da humanidade,
em que muitos andam perdidos e desorientados, e quiçá, eu também,
valerá a pena:

conquistarmos a Paz Interior onde quer que estejamos,
e definitivamente aprendermos a estar bem no Aqui e no Agora,
aceitando que tudo é temporário,
ganhamos e perdemos,
rimos e choramos,
vivemos e morremos diariamente num ciclo perfeito de alternância,
inclusive a vitória e a derrota, as quais fazendo parte da mesma moeda,
ambas devem ser encaradas com a mesma humildade;

compreendermos que, por muito que nos custe,
é preferível estar na pele do ofendido do que na pele do ofensor;

termos o coração confiante e aberto a UMA FORÇA UNIVERSAL,
INFINITAMENTE PODEROSA, BONDOSA e AMOROSA,
FONTE DE TODA A EXISTÊNCIA…
E ALGO DE BOM SE MANIFESTARÁ DE UMA FORMA SUAVE E CLARA…
ou talvez seja necessário manifestar-se de uma forma impressionante,
devido à rudeza humana…

compreendermos que aquela competitividade desumana
que tem destruído a ética e os valores universais,
dará lugar à Solidariedade que alimenta, protege e restaura a integridade dos Seres,
e à Fraternidade Universal que consolida a Paz e o Progresso.

Em conclusão: acreditarmos que algo de bom virá, definitivamente,
e que TODOS IRÃO SENTIR QUE FAZEM PARTE DESSE BEM UNIVERSAL…
TÃO DESEJADO…


Ariam

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Que...




Que os meus escritos tragam sabedoria e beleza aos corações
E o negrume das pessoas nunca afecte a origem das minhas palavras.

Que eu me encante com a vida de cada momento
E possa curar o coração na Luz da Inocência.

Que os meus pensamentos sejam realmente meus
E as minhas mãos não sejam contaminadas pela falsidade.

Que os meus trabalhos sejam dignos e belos
E no meu olhar se espelhe o brilho da Imensidão.

Que eu tenha a consciência do Sagrado Presente
E não me deixe obscurecer nos dias cinzentos.

Que eu nunca desista de ser merecedora de um Grande Amor
E alimente o meu coração com a generosidade do Sol.

Que os meus passos sejam honrados e firmes
E as mágoas da vida sejam apenas lições de sabedoria.

Que eu nunca deixe de me encantar com a poesia e a música
E não tenha jamais medo de amar.

Que eu honre os meus ancestrais,
E atravesse a vida respeitando os meus semelhantes.

Que a chuva lave as minhas mágoas
E a atmosfera transparente renove o meu viver.

Que eu me saiba abrir para a vida
E a minha voz se cale definitivamente para os queixumes.

Que eu nunca traia o meu coração
E encontre força para perdoar aos outros e a mim mesma.

Que eu tenha a sabedoria para corrigir os meus erros
E nunca deixe a mentira e a hipocrisia habitarem o meu coração.

Que a espada da Vitória abra no meu coração uma Porta larga
E a Luz regeneradora se instale em cada átomo da minha existência.

Que a Força e a Impecabilidade da Águia se manifestem em mim
E a humildade dulcifique e humanize o meu Ser.

Que eu nunca me identifique com aquilo que humilha o meu espírito
E que nada me afaste do meu Templo de Luz e Amor
Em construção persistente…
Ariam

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Reencontrar a Centelha



Parar
Repensar a vida
Buscar no baú registos da Originalidade
Da Simplicidade
Rencontrar a Centelha…

Ariam

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Inacreditavelmente simples


Simples é o Amor
Simples é a Luz
Simples é a inteligência da Vida
do Amor e da Luz
Inacreditavelmente simples…

Ariam

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O universo de um editor em gestação




O universo de um editor em gestação
É feito de ideias
Ideias de vida
Ideias de transformação

Feito na sua essência
De gente sublime
Que ama e respeita a palavra
E sente a magia de escrever
Num vazio imenso
Infinito
De uma simples folha de papel

Papel que se vai desdobrando
Em infinitas folhas
Tantas quanto a sua imaginação
Se projectar no
Infinito Espaço da Criação

Ariam

Das infinitas possibilidades...




Das infinitas possibilidade de iniciar um outro caminho,

escolho o que tiver mais humanismo,

mais simplicidade,

mais fraternidade,

mais evolução…

Ariam

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Para o Bem Maior



Anjos do Bem
Do Amor
Da Paz
Miguel, Anjo de máximo esplendor
Amigo sempre presente

Meu querido e Amado
Anjo Guardião
De nome secreto gravado em meu Coração de Luz

Mostrem-me o primeiro degrau
Da Escada da Grande Obra:
Minha vida partilhada
Para o Bem Maior

Ariam

Totalidade da vida



Numa simples palavra
está contida a totalidade de uma vida
AMOR

Ariam

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Grandeza do Homem




Somos a grande ilha do silêncio de deus
Chovam as estações soprem os ventos
jamais hão-de passar das margens
Caia mesmo uma bota cardada
no grande reduto de deus e não conseguirá
desvanecer a primitiva pegada
É esta a grande humildade a pequena
e pobre grandeza do homem



Ruy Belo
in "Aquele Grande Rio Eufrates"

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Rosa renascida das cinzas

"Os homens cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim e não encontram o que procuram. E, no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa."
Antoine de St. Exupéry

Que estranho é o mundo do homem!
Colhe uma rosa para seu prazer temporário,
Cedo se farta do seu perfume
E cedo a troca pela novidade de um simples malmequer
Que encontra numa paragem qualquer do caminho…

Chegará o tempo em que a rosa do jardim,
Esconderá o seu perfume
Para não ser tocada pela mão do mesmo homem,
Que se servirá do seu perfume
E quando saciado
A ocultará nas sombras das suas desejosas aventuras
E a trocará por um simples malmequer…

Assim aconteceu!
A rosa se transformou em cinzas
Quando pressentiu a aproximação do homem,
Devorador por excelência, insaciável coleccionador…

E das cinzas se fez outra vez ROSA
E o perfume com que os Deuses a dotaram,
Se espalhou pelo Universo
E abençoou os Verdadeiros Amantes…
E ainda aqueles que buscam o Verdadeiro Amor...

Esta é a minha homenagem
A uma ROSA que conheci ontem…
Que renasceu das cinzas e se tornou mais bela,
Tornando o Universo dos Bem-Amados
E dos que virão a sê-lo,
Eternamente perfumado…
Ariam

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sonhos de Ontem




A criança de ontem
Deixou para trás os sonhos
Da simplicidade e da inocência…
E atreveu-se a sonhar que
No mundo
Poderia construir um jardim
Sem espinhos
De aromas frescos e quentes
E que o crescimento seria sadio…

Mas…
A terra macia e fértil
Onde poderia criar o Jardim
Endureceu
Ficou contaminada pela ambição
Das pessoas do mundo…
Que fazer?

Ariam

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sacralidade Feminina



“O poder da Deusa, que se manifesta por meio das mulheres, é uma matriz emocional que convida a uma fusão ou simbiose inconsciente e transmite uma sensação de “chegada a casa”.
Jean Shinoda Bolen

Todas as mulheres têm uma única escolha:
Transformarem-se no que realmente são,
Senhoras da Vida e da Luz!
Ou morrerem na insegurança e na banalidade mundana que o homem lhes oferece.

Diz-lhes a Mãe Natureza:
“Ergue-te ao cimo da tua Grandeza Feminina,
ou desce ao mais baixo dos mundos,
à escória das humanidades femininas e masculinas
que vivem insaciavelmente do mundano mundo da mentira
dos prazeres sem alma e coração
e das ilusões do momento fácil…

E, se resistires à tua Grandeza Feminina
que chama por Ti,
Estagnarás para sempre!
E morrerás nas mãos do homem que não te respeita...”

Ariam

Humanos, esquecidos de si...




Apenas os seres humanos chegaram a um ponto onde não sabem mais por que existem.
Eles não usam seu cérebro e esqueceram o conhecimento secreto de seu corpo, de
seus sentidos, ou de seus sonhos.

Eles não usam o conhecimento que o espírito colocou dentro de cada um deles; eles não estão nem mesmo cientes disto, e assim cambaleiam para diante cegamente, no caminho para lugar nenhum — uma estrada pavimentada que eles terraplenam e tornam lisa, de forma que possam ir mais depressa para o grande buraco vazio que eles encontrarão no final, esperando para tragá-los completamente.

É uma superestrada, rápida e confortável, mas eu sei para onde ela leva. Eu vi. Estive lá em minha visão e me faz estremecer pensar nisso.

O xamã Lakota Lame Deer

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

AMORES LÍQUIDOS


Amores líquidos…

Um título, que por si próprio
Faz entrar
Na modernidade dos tempos
E recordar os amores sólidos,
Feitos de puro diamante,
Resistentes e luminosos,
Românticos por natureza…

Os tais amores...
Sólidos,
Belos e quase extintos…

Surgem então, nesta modernidade decadente,
Os tais amores líquidos…

Tão líquidos
Quanto a água que colhemos na palma das mãos,
Que bebemos e nos refresca por escassos momentos,
Que se vai por entre os dedos,
Mais rápido que o pedaço de tempo de frescura…

Tão frágeis quanto uma taça de cristal
Que ao mais pequeno embate se parte em pedaços
Impossíveis de Unir outra vez…

Convivemos lado a lado com esses
Amores líquidos, amores corrosivos…
Amores de ocasião,
que corroem os que nasceram da autenticidade…

A corrosão dos amores líquidos
Inundou os tempos da modernidade !

Qual surrealismo!
Aparecem os amores virtuais,
Amores criados em redes,
Sem a solidez do contacto,
Sem a transparência da voz
E do sentimento que ela projecta,
Sem os olhares recíprocos,
Não toldados pelas interferências virtuais…

Amores líquidos
Que se conhecem numa certa ocasião,
E nas ausências das ocasiões que os geraram,
Se mantêm virtualmente conectados,
Com uma cegueira cada vez maior,
Que os impossibilita de ver o Íntimo de si próprios,
E o Universo ao seu redor…

Tudo o que foi belo e sólido é verdadeiramente esquecido…

E, nesta modernidade inquietante,
As relações amorosas e familiares sólidas
São destronadas da rocha
Que lhes deu origem,
Da rocha talhada artisticamente
Pelos ventos dos tempos
Que sopraram mensagens de segurança
E de sustentação humanista…

Saberemos ainda o que é o verdadeiro humanismo?

Ou será que já o confundimos
Com as cortesias lânguidas, envenenadas,
Que se transformam em amores líquidos
Transportadores de venenos emocionais
com sabor a mel adulterado,
Que se espalham nos núcleos das famílias,
Dos amigos e
Dos amores
Talhados inicialmente em diamante puro…

Ariam

Renascerei




E a minha voz nascerá de novo,
talvez noutro tempo sem dores,
sem os fios impuros que emendaram
negras vegetações ao meu canto,
e nas alturas arderá de novo
o meu coração ardente e estrelado.


Pablo Neruda

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Zé Aparecido da Consciência Furtado





mas quem era ele meu deus do céu! pra pensar que era capaz de fazer poesias como aquelas que a toda orgulhosa mãe do doutor josé agora recitava pro pessoal da segurança abrutalhados insensíveis como ele talvez mais interessados em comer o franguinho sobra de festa encerrada agora gelado mas farta e caridosa mente a eles ofertado. o pessoal da segurança.
coisa linda! aquele livro nas mãos ainda delicadas da senhora de fato boa como todas ao que parecia poucas a não diferenciar por entre o joio quéram eles e o trigo quéram elas. pessoas assim queném que ela. a mãe do doutor josé.
beleza de livro! páginas e mais páginas doze ao todo contendo inspiradas e grandes palavras em tipo dezoito impressas e ricamente encadernadas em meio a todos os possíveis e brilhosos dourados tal qual mais digna e propriamente convinha a uma obra daquele porte ofertada ao um degrau acima presidente do conselho de administração de um big hiper quiçá (e quiçava!) mega baita multi nada nacional nem inter mas galáctico empreendimento. o chefe do doutor josé.
beleza de palavras! das quais belo também era o meigo e melodioso recitar que por entre os gordurosos porém atentos nham nham nhans de nossas bocas famintas não de todo educadas menos ainda fechadas a mãe do doutor josé exercia. modo a enfatizar o quê no original tão nacional mente o filho sublinhara e assim em negrito impressas foram. as palavras.

pág. 3
as bolhinhas que aqui borbolham
não borbulham como lá.
ai que saudade eu tenho
das bolhonas do meu guaraná!
pág. 4
Deus, salve a rainha!
Salve a América e o Principado de Mônaco!
E não Se esqueça também de Coco, minha gatinha.
o.k?
pág. 5
E a Tijuca !?! comé qué fica, hein?
ora diz quem sabe de mim.
Sou eu!
a manter com johnwayniano afinco
(sempre ao lado e carregado)
meu colt quarenta e cinco.
pág. 6
Eis-me aqui, defronte,
a indagar humilde (porém garboso!)
às alturas desse monte:
-?Como foi possível, ó cardoso, tal bobeira?
Perder assim tão fácil
minha fazenda brasileira.

quem era ele meu deus do céu o bruto pra escrever coisas assim tão tão? unfh sei lá magine! ele que por ser-se a êsmo era apenas um segurança em si só desses mesmos bam! bam! bams! dos bãbãbãs que assim sorte ou sina são e alvos seguem e se garantem subindo e descendo os plurais ésses e ásperos zês saliências essenciais que ela sibilante pra cima e pra baixo prum lado e pra outro ziiim! ziiiim! ôsh! por pouco muito pouco a todo instante zunindo faz. a vida.
linda aquela senhora! para quem a outra ela a vida era uma reta asfaltada cuja mão além de única era grande.
ô! e néranão tudo uma alegria só?
só?
humnm...
acompanhada vai.
por essa mulher que desde sempre se apaixonou pelo infinito.
a eternidade.
mas quem era ele meu deus do céu! pra pensar que era capaz de fazer poesias como aquelas que continuava recitando a toda orgulhosa mãe. do doutor josé.
pro pessoal da segurança.

pág. 10
batatinha, na Somália quando nasce
pede colo e proteção.
Eu aqui, quando choro
mamo logo de montão!
pág.11
...








segunda-feira, 12 de setembro de 2011

La libertad

No quiero que me quites
la libertad, porque ella es parte
inexcusable de mi compromiso.

Racióname la miel de las caricias.
Quítame un ramo de las flores
que profusamente me entregas.
Redúceme, si quieres,
el espacio sagrado de los besos.

Pero no me condenes, no me quites
la libertad, porque la quiero
para darte mi amor sin ataduras.

Del libro “Gotas de hielo”



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O Peregrino



Oh, que mundo de surpresas!
Que maravilha ver-me ainda inteira
Livre de tanta mentira!
Bendigo a mão que me mostrou
As armadilhas do caminho
E me ensinou a acertar o passo
E seguir
Os rumos do coração.

Quantos peregrinos!
Quantos me cercaram
Ao cruzar aquele vale sombrio!
Estranhas pessoas me rodeavam sedutoras
Com laços, redes e um profundo abismo
No íntimo de si próprias.

Passei por muitas provas
Esgotei o corpo e a alma
Adoptei lutas que não eram minhas,
Qual débil peregrino!
Fui tomada, usada, vencida e pereci.

Foi tão fácil a caída!
E tão difícil foi levantar-me!
Bendigo o cajado
E os livros que me inspiraram.
Por isso continuo inteira…
Minha vida está guardada
Na arca mais preciosa
Até ao triunfo desejado.

O cajado e os livros,
Manancial de inspiração,
Rodearam-me de silêncio
Para poder ouvir a voz do coração.

Acordei no Agora!
Abracei quem ontem fui,
Quem amanhã vou ser,
Estou pronta para continuar a Caminhada….

Oh, como flui este rio cristalino
Que acompanha o meu caminho!
Que verdes prados e coloridas flores
Comunicam ao ar os seus perfumes!
Quem alguma vez saboreou
O fruto destas árvores da vida?
Vou a caminho, neste sitio delicioso,
Estou quase a passar a ponte,
A entrar nos recônditos do coração…
Ariam

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Inocência…

Ouvi há dias alguém dizer
Que “os adultos são crianças grandes
Que perderam a inocência
Mas ganharam crueldade,
Mentira e insensibilidade.”
E que “é urgente reconquistar a Inocência”.

E pensei na Inocência,
A qual está ligada à criança.
Inocência! Bela e poderosa
Poderosa em esplendor e Vida.

Quando a perdi? Não sei!
Nunca perdi a criança que outrora fui,
Nem a Inocência que a alimenta,
Por isso não me deixo envelhecer.

Mas… em vidas que tive
Dentro desta vida,
Permiti que tentassem roubar-me a Inocência…
E então descobri que ainda falo com os meus sonhos,
Que ainda os acaricio com o pensamento,
Alma e coração.
E que ainda consigo sorrir e rir até chorar,
Rir dos que tentam roubar-me a Inocência.

Andei por vales sombrios,
Completamente só,
Caí em abismos e pensei que jamais sairia deles com vida,
Que não retornaria à minha Origem.

Mas… esta inocente vontade de viver,
Renovou em mim a Força de querer continuar,
E porque não, saborear esta noite negra,
Envolta em solidão?
E depois, abraçar o Amanhecer
Com a vontade de viver o dia como se fosse o último…

Também naufraguei em mares desconhecidos,
É verdade!
Mas acreditei que bem próximo
Me esperava uma ilha,
Onde o Sol brilhasse fulgurantemente,
E me isolasse das sociedades decadentes,
Putrefactas,
Que exalam os cheiros nauseabundos de mentes sujas e egoístas,
Deterioradas pela ausência da Inocência.

E fui viajante, imagine-se!…
Viajei pelo Oceano do Amor,
E não naufraguei!
Cheguei a uma ilha que baptizo “Ilha do Amor”.
E aí vivi, trabalhei e Amei,
Exactamente como nos sonhos inocentes de criança…
E… nunca perdi a certeza de mim,
Nem a certeza de que o Amor está em mim,
De que o Amor está em ti...
De que é a Inocência que O alimenta…

Hoje, dei comigo a pensar na Inocência…
A retornar ao mundo maravilhoso da criança que fui,
Que vibra com o dia que nasce e morre.
E falei com as estrelas, pedaços de mim,
Ou eu pedaços delas.

E fechei os olhos e senti o perfume e as cores da vida,
E ri até chorar,
Ri da insensibilidade das pessoas,
Da sociedade cruel e injusta
Criada por homens e mulheres
Que deixaram de ser crianças,
Que perderam toda a inocência,
Todo o fulgor e toda a força da vida,
Mas ganharam poderes efémeros...

Quero perder-me no Olhar
Repleto de Sabedoria,
No Olhar que emana de uma Fonte de Vida,
Inocente e Forte,
Que nos devolva a capacidade de Sorrir com Inocência,
E de Sentir o Silêncio Regenerador…

Na verdade,
Quero olhar o meu rosto e o meu corpo marcados pelos anos,
Sentir que dentro de mim,
Pulsa cheia de vida,
Uma Criança Inocente,
Que anseia regressar ao seu ÍNTIMO,
À sua ORIGEM…

Lá fora é tudo tão gélido…

Ariam

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Os Amigos

Amigos cento e dez, e talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia!
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.

Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que eu, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. De cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

– Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver…
Que cento e nove impávidos marotos!

Camilo Castelo Branco

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Se eu fosse um Padre

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!
Mário Quintana

"...Há momentos em que sei que não há distância entre aqueles que se amam."

Divina Música!
Filha da Alma e do Amor.
Cálice da amargura
E do Amor.
Sonho do coração humano,
Fruto da tristeza.
Flor da alegria, fragrância
E desabrochar dos sentimentos.
Linguagem dos amantes,
Confidenciadora de segredos.
Mãe das lágrimas do amor oculto.
Inspiradora de poetas, de compositores
E dos grandes realizadores.
Unidade de pensamento dentro dos fragmentos
Das palavras.
Criadora do amor que se origina da beleza.
Vinho do coração
Que exulta num mundo de sonhos.
Encorajadora dos guerreiros,
Fortalecedora das almas.
Oceano de perdão e mar de ternura.
Ó música.
Em tuas profundezas
Depositamos nossos corações e almas.
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos
E a ouvir com os corações.

Kahlil Gibran

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ars Poética

Que cada palabra lleve lo que dice.
Que sea como el temblor que la sostiene.
Que se mantenga como un latido.
No he de proferir adornada falsedad ni poner tinta dudosa, ni añadir brillos a lo que es.
Esto me obliga a oírme.
Pero estamos aquí para decir verdad.
Seamos reales.
Quiero exactitudes aterradoras.
Tiemblo cuando creo que me falsifico.
Debo llevar en peso mis palabras.
Me poseen tanto como yo a ellas.
Si no veo bien, dime tú, tú que me conoces, mi mentira, señálame la impostura, restriégame la estafa.
Te lo agradeceré, en serio. Enloquezco por corresponderme.
Sé mi ojo, espérame en la noche y divísame, escrútame, sacúdeme.

Rafael Cadenas - Venezuela

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sou Um...


Sou Um só,
mas ainda assim sou Um.
Não posso fazer tudo,
mas posso fazer alguma coisa.
E, por não poder fazer tudo,
não me recusarei a fazer o pouco que posso fazer.

Edward Everett Hale (1823-1909)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Declaração do Riso da Terra

Quando os deuses se encontraram
E riram pela primeira vez,
Eles criaram os planetas, as águas,
O dia e a noite.
Quando riram pela segunda vez,
criaram as plantas, os bichos e os homens,
Quando gargalharam pela última vez,
eles criaram a alma.
(de um papiro egípcio)

No Entardecer dos Dias de Verão

No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...

Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ...

Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir...

PESSOA, Fernando in citador.pt, acesso em: 16/11/09 as 19:54

sábado, 28 de agosto de 2010

Poema da felicidade

...
Não se acostume com o que não o faz feliz,
revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudade, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa

Os Justos


Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.

Jorge Luis Borges, in "A Cifra"
Tradução de Fernando Pinto do Amaral

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Morre lentamente quem não viaja

Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no super mercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere o "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
Não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!
Pablo Neruda

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Poema Quântico

Sou um terrível assassino,
um suicida, uma besta quadrada,
um insensato elevado ao infinito,
um demónio, um anjo divino,
um imbecil qualquer,
um génio, um macaco,
milhões de átomos, um ser,
um planeta, uma galáxia,
o finito ou o infinito,
a verdade ou a mentira,
um verso tonto, ingénuo — ou a Poesia!
Tudo é função do estado mais provável
de ser no tempo, com todas as incertezas das palavras!

Fernando Pessoa

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A poesia inexplicável da vida...

Diz Fernando Pessoa:
“Tudo o que vivemos, vivemos sempre por alguma razão...”

Vivo em esboços inacabados,
Numa constante adaptação
Ao meu renovado viver
À minha forma de existir.

Busco o equilíbrio
Entre mim e eu,
Entre mim e tu,
Entre mim e as pessoas,
Entre mim e Deus,
Em espaços de amado silêncio,
Em que a minha paz
Não me ilude
Nem te ilude.

Presenteio-me com a descoberta de me amar
Simplesmente
De me descobrir
Nesta selva frenética
Onde o viver das pessoas,
Sufoca a tranquilidade.

Por vezes lembro-me dos erros passados
Cometidos por inexperiência e boa fé,
Fazendo comigo um pacto de intenção
Para que não mais se repitam.

Procuro a força e a luz para encontrar dentro de mim,
As soluções para o meu inconstante viver,
A capacidade para encontrar o rumo certo,
E sentir que o leme da minha vida
Não está descontrolado,
Nem me arrastando para algo perigoso.

Por isso procuro incansavelmente
A poesia inexplicável da vida,
Protegendo-me das palavras duvidosas
Dos mestres da mentira e da manipulação.

E se a minha vida terminasse amanhã,
Ainda assim,
Procuraria incansavelmente
A poesia inexplicável da morte,

E em cada página da vida que vivi,
No tempo que me foi concedido,
Encontraria as lições, a poesia,
E a força para continuar incansavelmente
A viver outras páginas
De um novo livro.

Ariam