quinta-feira, 29 de julho de 2010

Poema Quântico

Sou um terrível assassino,
um suicida, uma besta quadrada,
um insensato elevado ao infinito,
um demónio, um anjo divino,
um imbecil qualquer,
um génio, um macaco,
milhões de átomos, um ser,
um planeta, uma galáxia,
o finito ou o infinito,
a verdade ou a mentira,
um verso tonto, ingénuo — ou a Poesia!
Tudo é função do estado mais provável
de ser no tempo, com todas as incertezas das palavras!

Fernando Pessoa

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A poesia inexplicável da vida...

Diz Fernando Pessoa:
“Tudo o que vivemos, vivemos sempre por alguma razão...”

Vivo em esboços inacabados,
Numa constante adaptação
Ao meu renovado viver
À minha forma de existir.

Busco o equilíbrio
Entre mim e eu,
Entre mim e tu,
Entre mim e as pessoas,
Entre mim e Deus,
Em espaços de amado silêncio,
Em que a minha paz
Não me ilude
Nem te ilude.

Presenteio-me com a descoberta de me amar
Simplesmente
De me descobrir
Nesta selva frenética
Onde o viver das pessoas,
Sufoca a tranquilidade.

Por vezes lembro-me dos erros passados
Cometidos por inexperiência e boa fé,
Fazendo comigo um pacto de intenção
Para que não mais se repitam.

Procuro a força e a luz para encontrar dentro de mim,
As soluções para o meu inconstante viver,
A capacidade para encontrar o rumo certo,
E sentir que o leme da minha vida
Não está descontrolado,
Nem me arrastando para algo perigoso.

Por isso procuro incansavelmente
A poesia inexplicável da vida,
Protegendo-me das palavras duvidosas
Dos mestres da mentira e da manipulação.

E se a minha vida terminasse amanhã,
Ainda assim,
Procuraria incansavelmente
A poesia inexplicável da morte,

E em cada página da vida que vivi,
No tempo que me foi concedido,
Encontraria as lições, a poesia,
E a força para continuar incansavelmente
A viver outras páginas
De um novo livro.

Ariam

Quando me amei de verdade

Quando me amei de verdade,
compreendi que em qualquer circunstância,
eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exacto.
E, então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.

Quando me amei de verdade,
pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional,
não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades.
Hoje sei que isso é... Autenticidade.

Quando me amei de verdade,
parei de desejar que a minha vida fosse diferente
e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.

Quando me amei de verdade,
comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém
apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento
ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.

Quando me amei de verdade,
comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável ...
Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo.
De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.

Quando me amei de verdade,
deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos.
Abandonei os projectos megalómanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.

Quando me amei de verdade,
desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.

Quando me amei de verdade,
desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o Futuro.
Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.

Quando me amei de verdade,
percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar.
Mas quando eu a coloco ao serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é.... SABER VIVER!!!!!!!

Charles Chaplin

terça-feira, 20 de julho de 2010

Momentos


Num mundo que persiste em ser
Cada vez mais igual a si mesmo,
Que eu saiba tecer o pano da vida,
E reencontrar a certeza de SER alguém.

Que eu saiba entrar no meu espírito e no meu corpo,
E possa celebrar a vida em cada Átomo do meu ser.

Que em cada Lua Cheia,
Eu olhe para cima,
E nas árvores desenhadas num céu luminoso,
Eu consiga vislumbrar no Horizonte,
A Luz que me parece longe.

Que eu possa acariciar as flores selvagens das minhas incertezas,
E cobri-las com as mãos,
E possa libertá-las, sem estragar nenhuma,
E transformá-las em plena abundância e amor.

Que os meus amigos sejam da espécie que ama o silêncio,
Que sejam inocentes e despretensiosos,
E que eu seja capaz de uma nobre gratidão.

Que eu saiba manifestar a Alegria adormecida em meu coração,
E que eu sinta a certeza do Amor nos meus ossos e no meu sangue,
No Espírito, na Alma e no Coração.

E
Sinta também o teu Amor,
Respirar-te em cada inspiração…
E libertar-te em cada expiração,
Desejando-te rios de felicidade em sossego e bendições,
Nos caminhos que procuras,
E te conduzem a encontros felizes e prósperos.

Que o meu Ser fale sempre a verdade sobre a alegria e a dor,
Em palavras que soem com o aroma de alecrim.

Que o sopro das minhas vidas passadas,
Abençoem a minha presente vida,
Onde meus medos e seus derivados,
Sejam queimados no fogo interior
Da Essência que me criou.

Que eu não sucumba à auto piedade,
Num mundo de gente que nos julga pelas aparências,
Que nos sufoca a voz,
No ruído das suas vaidades pessoais,
E nos engana e despreza por sermos diferentes.

Que eu possa fazer parte do novo trabalho de regeneração da Terra,
E não perturbar o lugar onde estou
Onde manifesto a minha existência.

Que eu consiga ter força no olhar,
E ser impecável em todas as minhas atitudes.

Que o Universo me refresque na cascata da Abundância,
E que a minha sensibilidade se abra àqueles que habitam fora da riqueza,
Da fama e dos privilégios,
Que um dia andaram descalços,
Mas seus pés, providos de Asas,
Souberam encontrar a Paz, o Amor, a Harmonia...

Que aqueles que são dominados pela arrogância
Do ter e do saber,
Não encontrem o caminho que chega à minha porta.

E quando chegar o Inverno,
Que eu me sente ao lado do fogo, numa lareira inventada,
E veja as chamas brilhando para o que vier,
E que eu nunca sinta o impulso de aconselhar, sem que me peçam.

Que eu possa ter um simples banco de madeira, com verdadeiro regozijo.
Que o lugar onde habito seja como uma floresta.
Que hajam caminhos e veredas, cavernas, poços, árvores e flores, animais e pássaros,
O Sol, a Lua e as Estrelas,
Todos por mim inventados e reverenciados.

Que minha existência mude o mundo,
Só por ser quem sou,
Crescendo como as árvores e,
Aprendendo no sussurrar do vento.

Um dia destes, jogarei fora a minha roupa,
E de túnica me vestirei,
Fazendo um pacto de Amor
Para conservar uma Fé inabalável…

Que eu nunca encontre desculpas para ser oportunista,
E que eu saiba que não tenho outra opção,
Que não seja,
Ser eu, simplesmente, com tranquilidade e amor.

Que eu saiba fazer escolhas todos os dias,
E quando falhar, que eu me conceda o perdão.

Que eu não tenha medo ou vaidade de enfrentar no espelho
O meu próprio reflexo…
Reflexo de um passado…
E nessa imagem inacabada, pendente,
Eu trace as linhas do Presente,
Que a minha Essência revelar…
Essência de Amor,
Harmonia,
Paz...

Ariam

sábado, 17 de julho de 2010

Abençoado(a) sejas, porque sabes acertar no Caminho e encontrar a Porta certa


Abençoado(a) sejas
Porque fazes do teu sangue
Rio fluente de vida...
Abençoado(a) sejas
Porque fazes da tua mente
O teu Santuário...
Abeçoado(a) sejas
Porque agarras no teu medo
Na tua culpa
Nos teus traumas
E te libertas
Dos limites que te impõem...
E rasgas as nuvens
Para que o Sol te inunde...
Abençoado(a) sejas
Porque na tua solidão
Consegues fazer solidariedade
De sentimentos...
Abençoado(a) sejas
Porque semeias trigo
Em terra dura...
Abençoado(a) sejas
Porque és fonte
E deixas a água se derramar
Em tua vida...
Abençoado(a) sejas
Porque fazes do teu sexo
Obra prima
E te limpas da sujidade
Que te mostram...
Abençoado(a) sejas
Porque és íman
Que nunca deixarás de atrair...
Abençoado(a) sejas
Porque, se cais
Assumes a tua queda.
Abençoado(a) sejas
Porque abres a janela do teu coração
E me deixas olhar para dentro...
Abençoado(a) sejas
Porque sabes entender
A minha fragilidade
Os meus fracassos...
Abençoado(a) sejas
Porque és a tua própria expressão
Sem artifícios...
Abençoado(a) sejas
Porque sabes ser árvore
Quando preciso da tua sombra...
Abençoado(a) sejas
Porque fazes da tua pele
Manto dulcificante
Que acaricia...
Abençoado(a) sejas
Porque sabes iluminar teu coração,
Quando se encontra nas trevas...
Abençoado(a) sejas
Porque sabes descobrir música
Na tua intimidade...
Abençoado(a) sejas
Porque não te deixas perturbar
Pela turbulência
Dos que muito falam
E nada dizem...
Abençoado(a) sejas
Porque teus olhos simples
Falam da Grandeza da Vida...
Abençoado(a) sejas
Porque sabes acertar no Caminho
E encontrar a porta certa!...
Ariam

Naquele vale, aprendi a sonhar que é possível um mundo melhor


Tudo era vida
Naquele vale,
Onde as realidades da existência
Eram tão simplesmente visíveis...

Aí comecei a sentir,
E aprendi a acariciar
A lã macia do cordeiro,
A aceitar a dureza,
A frieza da rocha,
Descobrindo que
Nela o escultor
Esculpe o seu trabalho...

Aprendi a vestir-me
De folhas de eucaliptos novos;
A sentir a macieza da relva;
A olhar para a limpidez dos ribeiros,
Cuja água cristalina
Me fazia reflectir
No seu espelho.

Aprendi a sentir
O cheiro da terra
Molhada pela chuva
Ou ressequida pelo sol...
Aprendi a sentir
A doçura da noite
Salpicada de estrelas
E prateada pelo luar...
Aprendi a ouvir música no silêncio,
Ou no bater da chuva nas janelas
Daquela casa
Plantada no vale...
Ou no grito nocturno da coruja,
Ou no cantar dos pássaros,
Ou nos sons naturais
Vindos de algum lado...
Aprendi a acariciar o pôr-do-sol
Com o pensamento...
Aprendi a sonhar
E a pensar
Que é possível
Construir um mundo diferente!...
Ariam

A mensagem que eu sinto

A mensagem que eu sinto
É a da criança esquecida
Sufocada
Sob os princípios
Da vida massificada
Pelo peso
Dos “eruditos”, “maduros”,
“responsáveis”,
“perfeitos”, “convencidos”...

A mensagem que eu sinto
É a da criança que sonha,
Que vê maravilhas
Onde os outros nada vêem
Que toca com as mãos
Nas coisas sonhadas
E sente que as tem
Mesmo que ainda não as possua...
A mensagem que eu sinto
É a da criança que busca
Um mundo, onde possa crescer,
Onde possa amar,
E falar das “ninharias” necessárias
Como a esperança...
A Paz...
A Ternura...
A mensagem que eu sinto
É a da criança que brinca
Na vida que não lhe pertence
E constrói Palácios,
E faz um rei e uma rainha...
E fadas...
E vara de condão,
Que transforma
A indiferença em amor,
O desespero em Esperança,
O sujo em limpo,
A morte em vida,
O ruído em melodia,
A dúvida em certeza...
A mensagem que eu sinto
É a da criança esquecida
Nos jantares de festa,
Na paz mascarada
Do Natal dos Homens...
A mensagem que eu sinto
É a da criança
Que nada tendo
Tudo possui...
Ariam

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Peregrino


Oh, que mundo de surpresas!
Que maravilha ver-me ainda inteiro
Livre de tanta mentira!
Bendigo a mão que me mostrou
As armadilhas do caminho
E me ensinou a acertar o passo
Seguir
Rumo ao coração.

Quantos peregrinos!
Quantos me cercaram
Ao cruzar aquele vale sombrio!
Estranhas pessoas me rodeavam sedutoras
Com laços, redes e um profundo abismo
No íntimo de si próprias.

Passei por muitas provas
Esgotei o corpo e a alma
Adoptei lutas que não eram minhas,
Qual débil peregrino!
Fui tomado, usado, vencido e pereci.

Foi tão fácil a caída!
E tão difícil foi levantar-me!
Bendigo o cajado
E os livros que me inspiraram.
Por isso continuo inteiro…
Minha vida está guardada
Na arca mais preciosa
Até ao triunfo merecido.

O cajado e os livros,
Manancial de inspiração,
Rodearam-me de silêncio
Ouvi a voz do coração.

Acordei no Agora!
Abracei quem fui ontem,
Quem vou ser amanhã,
Estou pronto para continuar….

Oh, como flui este rio cristalino
Que acompanha o meu caminho!
Que verdes prados e coloridas flores
Comunicam ao ar os seus perfumes!
Quem alguma vez saboreou
O fruto destas árvores da vida?
Vou a caminho deste sitio delicioso
Estou quase a passar a ponte
Qual peregrino rumo ao coração…
Ariam

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Quando a noite vier


Quando a noite vier,
Fecha as janelas,
Fecha as portas,
Apaga as luzes
E acende a vela
Que tiveres esquecido
No canto mais escondido...
Verás a tua escuridão
Iluminar-se...
E nas sombras mais diversas
Descobrirás um novo mundo...
E no gesto mais limitado
A expressão do teu corpo
Será diferente...
Ariam

Se eu me perder na vida


Se eu me perder na vida
Em dias de céu carregado
Que não morra jamais
A inspiração do Horizonte Iluminado!...

Se o amor e a juventude passarem
E o tempo e a glória acabarem
Que não morra jamais
A magia que me encanta!...

Se tudo fugir de meu pensamento
Que não morra jamais
Minha alma apaixonada!...
Ariam

Há algo para além de mim

Há algo para além do que meus olhos vêm
Do que meu pensamento atinge
Do que meus ouvidos ouvem
Do que meu coração sente...
Há algo que eu pretendo agarrar
E me foge
Sempre que estou quase...

Há algo que eu pressinto
E não consigo descobrir,
Que me envolve
E não consigo ver...
Há algo para além de mim
Há algo para além de ti...
Ariam

domingo, 11 de julho de 2010

Quando tudo cair em esquecimento...

Quando nada existir de mim
não morrerá jamais o meu Ser
e algo há-de ficar
de Magia,
de Recordação,
de Presença...

e,
quando tudo cair em esquecimento,
o sonho voará
até.... não sei!
mas voará!...
e o beijo,
o gesto,
o abraço,
o amor,
e o sopro da vida
serão asas
planando no Espaço!...
Ariam

Não quero perturbar o ar que respiro


Não quero perturbar o ar que respiro
nem a terra que piso
com os meus passos inseguros

Desviei-me tanto do caminho que tracei
perdi-me tanto em mundos de gente
perigosamente sedutora
que fala demais em amizade
amizades sociais
e esqueci de mim

Envolvi-me em lutas
que não são a minha luta
e perdi-me de mim

Afastei-me tanto de mim
e agora estou a reencontrar o caminho
de regresso a mim

Só me resta parar
libertar-me de tantos pensamentos

E quando o vazio chegar
recomeçar a pensar pensamentos limpos
sem passado e sem futuro
pensamentos da vida que vive em mim

Retornar ao meu útero interior
donde proveio a vida que espalhei
em cada átomo de mim
e à minha volta

Voltar a rezar como a criança
que desperta para o Universo
O que descobriu em seu imenso coração…

Airam

quinta-feira, 8 de julho de 2010

CORAGEM DE SENTIR A FORÇA DE UM PROPÓSITO

Tens a coragem de sentir a força de um propósito emergente,
transformador de sentimentos e atitudes
e continuar a ser a mesma pessoa,
não precisas de ressurgir do amor, com tonalidades limpas e frescas, e recuperar a inocência perdida, e continuar a viver no mesmo pântano, nas mesmas águas...
Pois tu és o amor na imensidão do oceano de águas vivas.

É possível despertar para o guerreiro interior, ferido pelas agressividades sociais
e as promiscuidades humanas, e continuar a viver da mesma maneira...
Pois és o guerreiro no seu todo com a força interior latente para despertar,
Qual Maria da Fonte
com a coragem de viver
a força de sentir a verdade
e limpar as águas turvas.

Não é preciso renasceres
pois a tua existência e o teu ser
são o contínuo reconquistar da sanidade e da força perdida
sempre pronta para contribuir para a transformação do mundo,
tão desejada e amada por aqueles que ainda conservam uns restos de humanismo...

É possível viver e, sempre acordada... continuar a ser a mesma pessoa...
Sentir a qualidade interior do amar
Sentir a qualidade interior da justiça
Sentir a qualidade interior da luz que irradias e da beleza que transmites
para um mundo cada vez mais Belo, Justo e Amoroso.


JOMER

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Fantástico!? És tu...

Fantástico?! És tu!
Se souberes renascer
Em cada contrariedade...
Se souberes sempre fugir
Às ciladas que te preparam...
Fantástico?! És tu!
Se não quiseres imitar,
Se fores tu... diferente!
Fantástico?! És tu!
Se souberes ceifar o joio
E cuidares do trigo
Para a colheita ser perfeita...

Fantástico?! És tu!
Se te sentires tão humano
Quanto eterno...
Tão simples
Quanto grandioso...

Fantástico?! És tu!
Se não fores mente
Ao sabor do vento!
Se souberes escolher
E estimar a tua escolha
E conservá-la como relíquia...

Fantástico?! És tu!
Se a essência da tua vida
Fôr o Amor
E por ele viveres
E por ele trabalhares
E por ele gozares
E por ele sonhares
E por ele venceres...

Fantástico?! És tu!
Se não resistires ao poder
Que vem de Dentro...

Fantástico?! És tu!
Se sentires em cada acto
Por mais infimo que seja
O Fantástico da Vida...
Ariam

Minha mansão

Minha mansão
De projecto esboçado
No passado e no presente...
Desconhecida
Invisível ao ambiente urbano...

É feita de subtilezas
É feita para durar
Para resistir aos vendavais
Que a vierem a sacudir...

De alicerces fortes
Para ser reconstruída
Se um dia for destruída...

Telhado de vidro transparente
Onde à noite
Deitada no leito da minha existência
Olho as estrelas
Portadoras de Luz...
A via láctea
Prespectiva do Caminho
A Lua
Inspiradora do sonho...

Paredes de côr uniforme!...
Eram de côr uniforme...
Agora são espelhos
Onde se reflecte um mundo
Que adivinho fascinante
Por isso o tento encontrar...
Onde me reflicto também
E me vejo
Tal qual sou,
Sem roupas, sem enfeites...

Os candeeeiros
São as flores
Que tenho colhido...
Senhas de amor!

E tem cadeiras
Onde podes repousar
Onde podes sonhar...

E tem um arôma constante
De amores-perfeitos
Plantados em vasos de porcelana...

E tem um arôma inconstante
De cardos
Mandados contra as janelas...

Labirintos
Já não existem...
Nunca mais te perderás...

Se tiveres frio
Aproxima-te da lareira
Onde a quentura do fogo
Te poderá aquecer...
Se tiveres calor
Refresca-te um pouco
Num lago de águas mansas
Lago por mim inventado...

O chão
De tapete aveludado
Não ferirá teus pés...

Esta, a minha mansão
De projecto esboçado...
Ariam

terça-feira, 6 de julho de 2010

Espírito de mim


Espírito de mim
Herança Cosmica
Eleva-me ao cimo da Montanha
E aí
No mais infinito de mim
Conduz-me à minha Fonte
Para além do Tempo e do Espaço
Faz-me sentir que
O Universo cabe dentro de mim
E eu dentro do Universo

Faz-me sentir que
Cada átomo de mim
É um pedaço de Luz
No imenso Universo
Do meu Ser

Airam

domingo, 4 de julho de 2010

REIKI

Raios de _Sol
Numa chovosa manhã...
São as tuas mãos,
Minha irmã...

Penas leves de andorinha,
Qual brisa em tarde calma,
São as tuas mãos irmã...
Pousando na minha alma.

Ondas marulham na areia
Entoando uma canção...
A das tuas mãos, irmã,
Lavando o meu coração.

Carlos Serrenho

sábado, 3 de julho de 2010

Não é possível acordar... e continuar igual

Não é possível sentir a força de um propósito emergente, transformador de sentimentos e atitudes e continuar a ser a mesma pessoa, confundida e atordoada nos mesmos sentimentos e atitudes do passado...

Não é possível despertar para o ressurgimento do amor, de tonalidades limpas e frescas, recuperar a inocência perdida, e continuar a viver no mesmo pântano, nas mesmas águas...

Não é possível despertar para o guerreiro interior, até agora adormecido no íntimo do coração, ferido pelas agressividades sociais e as promiscuidades humanas, e continuar a viver da mesma maneira...

Não é possível despertar para o VER, descobrir que interagimos sem transparência com o nosso semelhante, que ameaçamos a sobrevivência de uma humanidade desejosa de encontrar o seu verdadeiro destino, e continuar a ser a mesma pessoa, pactuando com criaturas cegas, cheias de ambições efémeras e destrutivas.

Não é possível renascer para si próprio, reconquistar a sanidade e a força perdida e não contribuir para a transformação do mundo, tão desejada e amada por aqueles que ainda conservam uns restos de humanismo...

Não é possível acordar... e continuar a ser a mesma pessoa...
Airam

sexta-feira, 2 de julho de 2010

PALAVRA - Dedicada aos meus semelhantes


A PALAVRA...
O que é a Palavra?
A Palavra é um conjunto de sons
Harmoniosamente articulados…

A Palavra é como um Farol
Que está presente na nossa vida…
E há palavras fortes,
Cujo significado pode transformar as nossas vidas…

A Palavra que nos ajuda
É como uma alegria que vive em nós…
Sem ela não haveria entendimento…

A Palavra é tão bela quanto a luz do Sol
Quando nos desenvolve o conhecimento
Que temos de nós e do mundo…

A Palavra é tão bela quanto a neve fria das montanhas
Quando nos diz a verdade com firmeza e amor
E assim ficamos mais fortes
Para aguentar com as asperezas da vida…

A Palavra é das coisas mais belas do mundo…
É uma estrada sem fim…

A Palavra é um grito… um sentimento…
A Palavra ri e canta…
A Palavra é tudo…
A Palavra é a criação…

A Palavra é uma mulher,um homem, uma criança,
A Natureza, o Mundo, o Universo…

A Palavra é uma canção que dança
À nossa volta…

A Palavra é aquilo que às vezes queremos dizer
E não podemos…

As Palavras TU e EU…
Duas Palavras que se podiam juntar se dissessemos NÓS…
Duas Palavras frias, distantes
Que num sonho foram quentes e próximas…
Mas são duas palavras tão diferentes…

A Palavra é o desabafo de um pensamento…
A Palavra é o tempo…
A Palavra é a rainha
A rainha de qualquer língua…
A Palavra é uma pessoa…
A Palavra transporta-nos
Ao mundo do conhecimento…

A Palavra magoa… A Palavra conforta…
Eu sou uma Palavra
Que mesmo sem falar pode dizer milhares de coisas…

Tu és uma Palavra,
E mesmo sem falares podes dizer muita coisa…
O teu gesto, a tua atitude na vida.
Até o teu olhar,
É uma Palavra…

Em cada Palavra está o mundo…
O difícil não é dizê-la mas interpretá-la.
Uma Palavra é aquilo que diz muito e às vezes…pouco…

A Palavra é transparente…
A Palavra é o que é….
A Palavra é a vida de toda a gente.
É a vida de tudo…

A Palavra por vezes é algo tão difícil de dizer
E tão difícil de escolher!…
Mas nesta luta de guerreiro
As palavras que se dizem e não dizem,
São como Rochas
À sombra das quais nos protegemos dos ventos...

Ariam

quinta-feira, 1 de julho de 2010

ALFABETIZAÇÃO

Peço licença para algumas coisas.
Primeiro, para cantar este canto de Palavras.
Sucede que sei dizer tão pouco
no Universo das Palavras
em que as letras são as estrelas.

Quando olho o manto azul cheio de estrelas
em meu peito floresce
o desejo de soletrar,
as letras do alfabeto
debaixo do Sol de Timor Lorosae.

A palavra PE-DRA, por exemplo,
e poder ver que com ela se fazem
paredes, casas e janelas
e descobrir que todos os sons das palavras
são mágicos sinais
que nos vão abrindo,
constelações de girassóis
florescendo debaixo do Sol
em círculos de luz que de repente
se espalha no chão da casa
que às vezes não há casa: é só chão.

Mas sobre o chão quem reina agora
é uma mulher e um homem, diferentes
que acabam de renascer
porque unindo as letras,
aos poucos, constroem palavras
e aos poucos vão também unindo argila,
alegria e pão
acabando por unir a própria vida
que no seu peito estava destruída.

Debaixo da Luz dourada do Sol
descobrem que o mundo é seu também,
que o seu trabalho tem valor,
e que é um modo de amar
e de ajudar o mundo a ser melhor.

Peço licença para dizer
estes mulher e homem renascidos
são pessoas novas:
Eles atravessam os campos espalhando
a chama dos cantares feitos de palavras,
e chamam os companheiros
a trabalharem, face a face,
contra a ignorância
que não resiste à riqueza interior
do querer Aprender e Ser...

Peço licença para terminar
soletrando a palavra LI-BER-DA-DE
que existe nos sons da alegria
e que se vê iluminar
nos olhos da mulher e do homem
que aprendem a ler
e a dar valor à Palavra.

Ariam
Timor-Leste 2004